A importância do trabalho autónomo e a diferenciação pedagógica

 

          Cada vez mais se fala da promoção do trabalho autónomo nas salas de aula. Mas afinal o que é a autonomia? E autonomia no trabalho? Como este se aplica ao meio escolar?

            Autonomia significa independência. O que pratica autonomia é aquele que não se propõe nem se pede às pessoas, com que trabalha; faz a sua própria lei e governar-se por ela, sem mais. Neste caso o conceito é utilizado num dos seus sentidos mais atuais e práticos: ter a liberdade moral ou intelectual.

            Então e como podemos associar este conceito ao trabalho?

            Nos dias de hoje, entre as muitas definições de trabalho, encontramos dois que nos servem em relação com a escola:

  • conjunto das atividades humanas, manuais ou intelectuais, que visam a produtividade;
  • maneira como alguém trabalha.

            Torna-se então possível relacionar os dois conceitos, uma vez que os dois se complementam. A liberdade intelectual permite ao aluno a organização do seu trabalho intelectual, o que lhe dá liberdade intelectual para continuar a organizar o trabalho. Todo este processo é gradual, construído e aprimorado ao longo do processo escolar de cada um.

            Qual o papel da escola?

            O primeiro trabalho das crianças reside em apropriar-se de um conjunto de saberes e em desenvolver habilidades, muitas das quais não passam pela escola.     Aprender a andar e aprender a sua língua materna são disso dois importantes exemplos. A maneira de executar estas tarefas difere de criança para criança, o esforço é também diferente. Estudos na área da psicologia indicam que os estímulos exteriores inscritos na relação que as crianças estabelecem com o meio contribuem para a eficácia destas aprendizagens. Assim sendo, atribuímos à escola um papel principal e na maioria das vezes esta ocupa o papel secundário da aprendizagem da criança.

            Escola é definida como um local de estudo e aprendizagens diversas. Na atualidade os pilares da escola são apenas dois: a formação para a cidadania e o ensino de um conjunto de saberes. No qual o segundo grande objetivo não é mais do que a explicitação do primeiro, uma vez que os saberes que se pretende que as crianças adquiram são aqueles necessários para que elas possam funcionar como cidadãos minimamente competentes, trabalhando e contribuindo na sociedade da qual faz parte, mas sujeitas a uma ordem social estabelecida.

            Em suma, a aprendizagem da criança é resultado de uma relação que ela estabelece com as pessoas em torno dela, que, pela via da educação, procuram estimular (e influenciar) a sua formação como pessoas, a sua socialização.

            Posto isto, como conseguimos relacionar os três conceitos?

            Ao longo dos tempos apercebemo-nos que tudo depende da recetividade dos alunos. É essencial que as tarefas tenham o grau adequado de dificuldade para serem e permanecerem motivadoras: as tarefas que são demasiado fáceis tornam-se aborrecidas, as tarefas que são demasiado difíceis provocam frustração. Dito de outra maneira, o trabalho intelectual tem que ter um sentido claro para cada uma das crianças, individualmente. A aprendizagem é uma tarefa complexa, nem todos os alunos possuem no mesmo momento o conhecimento que lhes permite interpretar, e agir, sobre as tarefas propostas no quotidiano. Assim é necessário criar condições e formas de trabalhar que tenham em conta estas inevitáveis diferenças individuais. As diferenças existem quando se aceita a turma como grupo de sujeitos, que se relacionam com o saber, cada um por si e cada um pela sua maneira.

            A atividade intelectual na turma organiza-se em dois planos. Existe, por um lado, um trabalho coletivo que possibilita a aprendizagem para se tornar cidadão da sociedade na qual o sujeito se inscreve, e, por outro lado, existe uma forma de trabalhar que condiciona esta aprendizagem. É nesta última que o trabalho Autónomo se insere. Existe a ideia enraizada da necessidade de proporcionar aos alunos tarefas diferenciadas e apoiar de modo diferente o conjunto dos alunos de uma turma. Este tipo de dinâmica ajuda as crianças a dar um sentido temporal ao trabalho, desde que cada uma saiba qual é o ponto de partida e qual é o ponto de chegada. Ajuda-se cada uma das crianças na organização do seu próprio trabalho e do seu próprio estudo, neste decurso temporal. É o que poderemos definir como Trabalho Autónomo e Trabalho de Estudo Autónomo.

            A articulação do plano coletivo de sala de aula com os planos individuais permite a supervisão do adulto envolvido. Permite também uma regulação coletiva e individual da aprendizagem. O espaço-tempo assim criado, dá sentido ao trabalho em sala. Facilita a relação com o saber de cada um dos sujeitos da turma. Facilita a possibilidade de crescer e aprender e possibilita a gestão autónoma, supervisionada, do trabalho intelectual que implica.

            O que nós educadores e professores pretendemos é promover a liberdade intelectual individual para que cada um se organize e desenvolva em função das suas capacidades.

 

 

Juntos Somos Mais Fortes!

Juntos Pelo Ensino!

 

Professora Daniela Rodrigues

2º CEB: 6 º Ano