A Emergência da Escrita no Pré-Escolar

 

 Na sala dos 4 anos, tenho observado um grande interesse por parte das crianças sobre as letras e a escrita. Diariamente as crianças contactam com a escrita, nas paredes das salas, pelas listas de palavras dos respectivos projetos, na escrita intencional dos adultos, nos diferentes jogos e atividades disponíveis na área das letras e na área dos jogos de mesa.

O grupo encontra ainda as letras do seu nome nos seus cartões e nos diversos instrumentos de pilotagem, que também promovem a curiosidade em relação a este tema.

A escrita existe mesmo antes de a criança ser iniciada nos rituais da alfabetização, estando presente em inúmeros objetos físicos do meio envolvente e numa complexa rede de relações sociais.

Assim sendo, segundo Mata (citado por Barrela, 2018) fazem parte dos aspectos figurativos da escrita:

 A diferenciação de códigos, pois quando as crianças se iniciam na escrita, podem surgir desenhos, garatujas ou “formas tipo letra”. Nesta fase inicial é também frequente surgirem números misturados com letras, pois as crianças ainda apresentam dificuldades na diferenciação dos códigos alfabético e numérico;

O conhecimento das letras, pois as crianças vão começando a diferenciar as letras e a aperceber-se das suas características particulares. Com o tempo, estas vão conseguindo reproduzi-las de forma cada vez mais aproximada, e em simultâneo, vão-se apercebendo do seu papel e enquadramento no sistema de escrita;

 A orientação da escrita, em que vão experimentado várias hipóteses até se aperceberem da orientação em linhas (tanto da esquerda para a direita como de cima para baixo).

A C. está a copiar livremente os títulos do nosso ficheiro de imagens. Entretanto, a M. espera que a educadora escreva na sua folha a história do desenho que acabou de fazer. L. e F. brincam na casinha escrevendo a sua lista de compras. O X. encaixa as peças do puzzle, correspondendo uma imagem a uma letra do alfabeto.

Nesta descrição podemos ver crianças envolvidas com a linguagem escrita: estas usam-na com propósitos e finalidades diversos, de modo contextualizado e cumprindo funções apropriadas, não só em contexto de jogo e brincadeira, mas também na resolução das suas tarefas do dia-a-dia.

A primeira fase, denominada de pré-silábica, ocorre quando as crianças começam a compreender as funcionalidades da escrita e que esta transmite uma mensagem, apesar de não realizar qualquer tipo de correspondência entre a oralidade e a escrita. “Para elas a escrita não é divisível em partes. A mensagem que querem transmitir é codificada como um todo” (Neves & Martins, citado por Sotomaior, 2014, p. 32).

 Mais tarde começam a perceber que a mensagem oral se divide em partes e que estas partes são codificáveis. Geralmente atribuem a cada sílaba ou parte da palavra um sinal que pode ou não ser uma letra. A esta fase dá-se o nome de escrita silábica.

 A última fase corresponde à escrita alfabética, onde existe já uma compreensão do alfabeto e, consequentemente, que a cada fonema corresponde um grafema, mesmo que não saibam como este se desenha.

Concluindo, Mata (1958) apresenta cinco tópicos orientadores para a organização dos ambientes de aprendizagem e estruturação de atividades que promovam o contacto e a exploração da funcionalidade da linguagem escrita. Esta exploração deve ocorrer:

  1. Através de situações significativas e contextualizadas de uso da leitura e da escrita;
  2. Através de situações onde os objetivos do uso da leitura e da escrita estejam claros e sejam evidentes para as crianças envolvidas;
  3. Quer através de situações de jogo e brincadeira, quer no uso “real” da linguagem escrita;
  4. Quer em situações de exploração individual, quer em situações de interação com o educador ou com colegas;
  5. Em múltiplos contextos (sala de jardim-de-infância, em casa, na loja, na rua, etc.).

Uma sugestão lúdica para as famílias, é oferecerem às crianças os folhetos do supermercado e observarem os rótulos e palavras ou utilizarem o word para contatarem com o computador e explorarem as letras do teclado.

Educadora Marta Dias

Educação Pré-Escolar

Juntos Somos Mais Fortes!

Juntos Pelo Ensino!