Importância do ensino da escrita

O ensino da escrita tem sido desvalorizado, na conceção implícita que, aprendendo a ler, as crianças aprendem automaticamente a escrever. Para além disso, só permite que acedam à escrita quando dominam o código alfabético, mas sempre de forma mecânica e policiada, para que adquiram um conjunto de “habilidades e automatismos” (Colello, 2007, p. 65) e não se confrontem com os seus próprios erros. Deste modo, tem-se ignorado o poder da escrita enquanto ferramenta na construção do conhecimento da própria linguagem escrita, instrumento de regulação do oral e motor de desenvolvimento do pensamento (Santana, 2009).
No entanto, segundo uma perspetiva sociocultural do modelo do NEM opõe-se à conceção da escrita enquanto habilidade motora, assumindo, desta forma, a sua complexidade e apostando na inteligência das crianças e no seu poder comunicativo. Assim, esta perspetiva parte da produção escrita das crianças, na qual mobilizam a sua experiência de vida e os seus saberes, para a construção de níveis progressivamente superiores de conhecimento da língua. Trata-se da utilização funcional da escrita pelas crianças, em situações reais de comunicação, mediada pelas múltiplas interações numa abordagem integradora e desenvolvimentista. Citando Niza (2003), a produção escrita:
“constrói a compreensão da escrita, a leitura. É por isso mesmo que as estratégias de alfabetização assentes em processos de escrita-leitura são mais eficazes na aprendizagem e no desenvolvimento da escrita e da leitura do que as estratégias apoiadas nos métodos tradicionais de ensino fonético ou global da leitura.” (p. 118)
Efetivamente, a escrita foi-se revelando um elemento essencial na vida do homem, tendo-se tornado imprescindível hoje em dia. Pereira e Azevedo (2005) são da opinião de que “escrever não significa exprimir ou representar algo que já exista, mas produzir algo que ainda não exista” (P.9). No que diz respeito à aprendizagem da escrita, Teberosky (1992) afirma que as crianças são letradas ainda antes de serem alfabetizadas. Deste modo, em contexto educativo, a aprendizagem da escrita visa o ensino de um código convencional escrito que os alunos terão acesso à entrada do 1.o Ciclo do Ensino Básico.
De facto, quando as crianças chegam à escola já têm o conhecimento implícito de um conjunto de estruturas organizativas de diferentes géneros de textos, que identificam e exploram na linguagem oral, pela leitura adequada com marcas de prosódia apropriada. Cabe então à escola organizar-se em comunidade de aprendizagem procurando assim tornar progressivamente explícito o conhecimento gramatical implícito dos alunos, com a ajuda do professor a quem cabe o papel de mediador na apropriação da cultura.

 

1º CEB: 4º Ano
Professora Maria Alves